Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

“EVENTO ISQUEMICO RETINIANO DE CAUSA INDEFINIDA”

Resumo

APRESENTAÇÃO
IAR, 45 anos, procedente de Taquarituba, EF incompleto, trabalha como vendedor ambulante.
Paciente refere BAV súbita em OD há 8 meses, com dificuldade de enxergar no campo visual inferior.
AP: câncer de estômago em 2017, feito ressecção cirúrgica e QT adjuvante em serviço externo. Tabagista ativo 30 anos maço. Nega antecedentes de doenças cardiovasculares, outras doenças ou uso de medicações.
Antecedentes oftalmológicos e familiares: nega
EXAME OFTALMOLÓGICO
AVSC: 1,0/1,0
Biomicroscopia ao: pálpebras e cílios sem alterações, conjuntiva calma, câmara anterior formada 1 ECP, sem RCA, córnea LBT, íris trófica, PIFR, cristalino transparente.
PIO: 12/12mmHg
Fundoscopia OD: disco óptico de limites nítidos, escavação fisiológica, mácula com brilho diminuído, vasos de calibre e tortuosidade normais, presença de pregueamento em topografia distal de arcada temporal superior, associada a dilatações vasculares com aumento da tortuosidade nessa região, retina aplicada até onde vista, vítreo limpo
Fundoscopia OE: disco óptico de limites nítidos, escavação fisiológica, mácula sem alterações, vasos de calibre e tortuosidade normais, retina aplicada até onde vista, vítreo limpo
EXAMES COMPLEMENTARES
OCT OD: ausência de edema macular, presença de atrofia macular temporal à fóvea, EMC 232
AGF OD: tempo de enchimento vascular normal, com preservação da arquitetura vascular, exceto por aumento de tortuosidade e calibre em região em estudo de arcada temporal superior, sendo notada importante área hipofluorescente em topografia à frente da alteração vascular, com aumento de tortuosidade vascular mais intenso e extravasamento de contraste.
AGF OE: tempo de enchimento vascular dentro da normalidade, com preservação da arquitetura vascular, sem extravasamento de contraste
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E CONDUTA
Evento isquêmico de causa indefinida: associado a provável oclusão venosa
Indicado bloqueio de região adjacente a membrana da arcada temporal superior, devido a classificação da área como isquêmica e risco de evolução negativa.
DISCUSSÃO
Um evento isquêmico geralmente é de início súbito. O paciente pode apresentar embaçamento da visão ou defeito de campo visual associado à hemorragia intrarretiniana.
Podemos citar a HAS, diabetes, dislipidemias, glaucoma, tabagismo, arteriosclerose e o diâmetro anteroposterior diminuído como fatores de risco mais importantes.
A interrupção do fluxo venoso ocorre geralmente em áreas onde a artéria cruza por cima da veia, interrompendo o retorno venoso. O ramo venoso mais acometido é o temporal superior, provavelmente porque esse quadrante apresenta o maior número de cruzamentos arteriovenosos.
Em fases crônicas, pode-se observar, ainda, telangiectasias, microaneurismas, dilatações capilares, áreas não perfundidas, formação de vasos colaterais e edema macular cistoide.
Na fase inicial da angiofluoresceinografia, ocorre vazamento nas áreas de neovascularização associado a isquemia retiniana.
COMENTÁRIOS FINAIS
No que tange às doenças isquêmicas venosas da retina, cabe ao médico oftalmologista realizar anamnese adequada e solicitar exames complementares de acordo com as hipóteses diagnósticas, a fim de agir precocemente, corrigir fatores de risco e prevenir complicações futuras. Alguns estudos sugerem que a fotocoagulação deve ser realizada nos casos que apresentam neovascularização, com objetivo de prevenir hemorragia vítrea ou outras complicações, que podem ocorrer em mais da metade dos casos.

Área

Retina

Autores

VINICIUS HATTORI RODRIGUES MIRA, ANDRÉ LUIZ SITA E SOUZA BRAGANTE, THAILOR DARTORA, ROBERTA TOVO BORGHETTO ABUD, VICTOR RIBEIRO DE SANT'ANA, GABRIELLA PACHU DE OLIVEIRA ZAMPIERI, HERON MAXIMO DA CUNHA GONÇALVES, NICOLE NOGUEIRA RODRIGUES, MARIANA AYUSSO SOUBHIA, ALINE APIS, EDSON MITSURO KATO JUNIOR, KELLEN CRISTIANE DO VALE LUCIO