Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

DISTROFIA DE CONES PRESUMIDA EM UM CAO: RELATO DE CASO

Resumo

Introdução: A distrofia de cones é uma doença genética ocular que afeta principalmente cães, caracterizada pela degeneração progressiva das células sensíveis à luz, conhecidas como cones, presentes na retina. Os cones são responsáveis pela percepção de cores e pela visão fotópica. A doença é causada por mutações em genes específicos que afetam a produção de proteínas essenciais para a função dos cones. A principal mutação ocorre no gene PDE6A, que codifica para uma subunidade da fosfodiesterase retiniana, uma enzima importante para a transdução do sinal visual nos cones. Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar um caso de distrofia de cones presumida em um cão. Métodos: Foi atendido um paciente, da espécie canina, raça shih-tzu de 9 anos de idade, com queixa de catarata e secreção ocular bilateral e hiperemia conjuntival no olho esquerdo. Tutora relatou que a opacidade ficou mais acentuada no olho esquerdo nos últimos meses, e que o animal apresentava perda de visão de maneira mais significativa. Após a avaliação oftalmológica, o paciente recebeu o diagnóstico de catarata incipiente no olho direito (OD) e catarata matura no olho esquerdo (OE), além de ceratoconjuntivite seca e ceratopatia pigmentar. Foi indicado cirurgia de facoemulsificação no OE como tratamento para a catarata e foi solicitado eletrorretinograma de campo total (ERG) e ultrassom ocular como exames pré-cirúrgicos. O ERG foi realizado com o BPM-300 eletrodiagnostic system em ambos os olhos, após o paciente ser submetido à sedação e dilatação pupilar com adaptações ao mínimo 04 estímulos. Resultados e Discussão: No ERG de campo total foi obtido os seguintes resultados de Resposta de Bastonetes: OD – Amplitude de pico a pico: 138.89 μV, Tempo de culminação onda-b: 46.25 ms. OE - Amplitude de pico a pico: 73.19 μV, Tempo de culminação onda-b: 60 ms. Máxima Resposta: OD - Amplitude de pico a pico: 123.61 μV, Tempo de culminação onda-b: 27.25 ms. OE - Amplitude de pico a pico: 180.56 μV, Tempo de culminação onda-b: 35 ms. Resposta de cones: OD - Amplitude de pico a pico: 4.72 μV, Tempo de culminação onda-b: 19 ms. OE - Amplitude de pico a pico: 5.56 μV, Tempo de culminação onda-b: 21.75 ms. Os achados eletrorretinográficos revelaram normalidade da resposta de bastonete e diminuição da resposta de cones no OD e discreta diminuição da resposta de bastonetes e diminuição da resposta de cones no OE. Os resultados encontrados no ERG são compatíveis com distrofia de cones presumida bilateral. Os sintomas da doença incluem perda progressiva da visão, dificuldade em enxergar em ambientes com luz, redução da acuidade visual e alterações na visão de cores. O diagnóstico é feito por meio de exames oftalmológicos, como a oftalmoscopia e o ERG, que avaliam a função dos cones e outros componentes da retina. Testes genéticos podem ser realizados para identificar a mutação responsável pela condição. São utilizados antioxidantes e ácidos graxos para fornecer suporte nutricional e promover a saúde ocular, criar um ambiente adequado para o cão, com iluminação adequada, remoção de obstáculos que possam representar riscos para sua locomoção e realizar acompanhamento periódico com o oftalmologista veterinário para monitorar a progressão da doença. Conclusão: Embora não haja cura para distrofia de cones, há tratamentos disponíveis que podem ajudar a retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos animais afetados.

Palavra-chave: retina, doença genética, fotópica.

Área

Retina

Autores

RAFAEL KIYOSHI HIROTSU, ERIC ORLANDO BARBOSA MOMESSO