Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

MARCADORES PRECOCES DE SINDROME DE SJOGREN: NEUROPATIA DE FIBRAS FINAS E DISAUTONOMIA NO MOSAICO DE MANIFESTAÇOES SISTEMICAS.

Resumo

Introdução: A relação entre distúrbios neurogênicos e disfunção lacrimal, salivar ou combinação de ambas podem estar associada a lesões simultâneas por mecanismos inflamatórios comuns ou lesões em centros de controle no sistema nervoso central (SNC), afetando o conforto visual, a saúde bucal e produzindo manifestações sistêmicas, com grande impacto na qualidade de vida.
Objetivo: Avaliar os sinais e sintomas dos pacientes com síndrome Sjögren acompanhados nos ambulatórios de Oftalmologia e Reumatologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) e correlacionar com exames subsidiários para avaliação do sistema autonômico e diagnóstico de neuropatias de fibras finas.
Métodos: A amostra foi composta de 75 participantes. Inicialmente abordamos 50 pacientes com diagnóstico confirmado de Síndrome de Sjögren Primária, na sequência 20 pacientes controles-saudáveis. Os participantes foram recrutados por demanda espontânea dentre os pacientes encaminhados ou aqueles em seguimento ambulatorial na Oftalmologia e Reumatologia do HCRP. Na abordagem inicial foram apresentados aos sete questionários e agendada a coleta dos exames laboratoriais, cutâneos e neurológicos. Em um segundo momento avaliamos os controles saudáveis aplicando os mesmos processos.
Resultados: Possuímos 676 indivíduos encaminhados para investigação de Síndrome de Sjogren. Destes, 510 (75,4%) já foram completamente examinados e conduzidos, sendo que 198 pacientes foram classificados como Síndrome de Sjogren Primário (SSp), 149 como Síndrome de Sjogren Secundário (SSs) e 163 como Não Síndrome de Sjogren (NSS). A média de idade foi de 53,9 ± 14,3 anos, com prevalência do sexo feminino (92,3%). Os dados demográficos foram similares nos grupos SS1, SS2 e NSS (P>0.05). Sintomas de xerostomia, fluxo salivar reduzido, OSDI score, teste de Shirmer e coloração corneana por fluoresceína se mostraram similares nos grupos de SS1 e SS2 (p< 0,05). Já marcadores biológicos como Fator Reumatóide (FR), FAN e beta -2- microglobulina são mais alterados nos grupos de SS1 e SS2 em relação aos pacientes NSS (P<0,05) e o volume do gânglio trigêmeo visualizado em Ressonância Magnética é menor no grupo SS (P = 0,0003). Do grupo SSp avaliamos 50 pacientes, cuja média de idade foi de 49,60 ± 12,85 anos com uma prevalência do sexo feminino (100%) e tempo de doença desde o início os sintomas de 10,25 ±4,69 anos. Destes, treze participantes foram submetidos a avaliação do sistema autonômico com alteração de QST e SUDOSCAN em 84,6%. Quanto aos questionários, o Mc Gill (índice de dor) obteve uma média de 31,43 ± 11,81 pontos (0-78), EVA: média de 6,71 ± 2,54 (0-10), PHQ-9: média de 16,40 ± 6,75 (0-30), OSDI: 64,48 ± 20,50 (0-100), Compass31: escore de 7,84 ± 4,90; ESSPRI: média de 6,76 ± 1,65 (0-10).
A sensibilidade e a especificidade dos questionários variaram conforme o teste padrão analisado.
Conclusão: A prevalência da doença SS encaminhada ao serviço é alta (68,03%) e ainda pouco compreendida. Nota-se que sinais e sintomas não são suficientes para o diagnóstico, sendo necessária uma avaliação criteriosa multiprofissional, realização de exame funcionais e de imagem para auxiliarem em um diagnóstico precoce e prevenção de sequelas. Acompanhamento minucioso e marcadores biológicos podem ajudar a determinar a história da doença, antecipar diagnósticos de linfoma e outras complicações de manifestações extra glandulares.

Área

Superfície Ocular

Autores

ANNA FLORA TEIXEIRA SOTO PELINSON, EDUARDO MELANI ROCHA