Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: PACIENTE 8 ANOS DE IDADE COM QUADRO DE ESTAFILOCOCCIA E O CUIDADO COM DIFERENCIAÇAO COM CERATITE INTERSTICIAL.

Resumo

Paciente feminina de 8 anos de idade trazia pela mãe por ter sido encaminhada via CROSS ao Hospital de Clínicas da UNICAMP . Comparece para atendimento no ambulatório de Doenças Externas Oculares com a queixa referida pela mãe de mancha esbranquiçada no olho direito com início há 3 meses sem prurido ou queixas inflamatórias associadas. Nega antecedentes pessoais oftalmológicos, nega comorbidades e nega uso de medicações. Nega atopia. Nega quadro similar prévio. Ao exame oftalmológico apresenta AV c/c: -2,50 -1,50 90° (0,6) / -2,25 -0,50 90° (1,0), biomicroscopia descrita como flictênula nasal com vascularização corneana, corando com fluoresceína apenas na região profunda de estroma em OD, sem alterações em OE. Aventada a hipótese diagnóstica mais provável na ocasião de quadro de estafilococcia evoluindo com flictênula sendo prescrtia Azitromicina na dose de 0,5mg/kg/dia e Acetato de Prednisolona 1,2mg/10mL a cada 8 horas durante 30 dias.

No retorno, mãe relata permanência da mancha branca em OD mas paciente refere menor desconforto ocular. Realizada nova anamnese e mãe e paciente relatam prurido frequente nas palpberas dos dois olhos ocasionalmente associado a hiperemia e edema leve palpebral que melhoraram com o tratamento completo durante 30 dias. Acuidade visual mantida (0,6 / 1,0) com nova refração não descrita em prontuário. À biomicroscopia: pálpebras com margem espessada e com leve hiperemia, retração palpebral superior e inferior, conjuntiva sem hiperemia, córnea transparente e sem edema com presença de leucoma corneano nasal cerca de 1x1mm com vasos afilados e vasos fantasmas partindo do limbo em direção à lesão, câmara anterior formada sem celularidade, íris trófica e fácica, sem áreas que coram com fluoresceína, presença de ceratite puntata inferior. OE apresenta alteração palpebral com espessamento de margens associada a hiperemia 1+ e retração de pálpebras superior e inferior, córnea transparente com ceratite puntata inferior, ausência de alterações de segmento anterior. Mantida a hipótese diagnóstica, mãe e filha orientadas quanto ao quadro, instituída higiene palpebral e lubrificação de uso contínuo. Retorno em 4 meses para reavaliar quadro e reativações se houver.

Assim, a paciente apresenta achados clássicos associados a estafiloccocia e provavelmente desenvolveu úlcera catarral já resolvida, sendo importante o correto tratamento do quadro palpebral para evitar nova recorrência e formação de leucomas principalmente na região do eixo visual. A lesão corneana secundária à estafilococcia palpebral é muito similar as de ceratite instersticial que também cursa com lesão estromal e neovascularização corneana. Ambas as lesões corneanas são inflamatórias, no caso da estafilococcia a inflamação ocorre devido à toxina do _Staphylococcus aureus_ presente na margem palpebral. Assim, devemos nos atentar tanto à história quanto ao exame macro e biomicroscópico das pálpebras para nos auxiliar e nos conduzir ao diagnóstico para instituir o tratamento correto.

(o caso apresenta imagens da lesão e das alterações palpebrais)

Área

Córnea

Autores

PRISCILA M. BIANCHINI, BRUNNO CIDADE DE LIMA, ROSANE SILVESTRE DE CASTRO