Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

DOENÇA MACULAR RELACIONADA A IDADE COMPLICADA POR DESCOLAMENTO RETINIANO: RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do caso
A.M.Z, 79 Anos. Procura serviço oftalmológico em 2018 devido baixa acuidade visual (BAV) progressiva há 3 anos. Hipertensa com flebectomia de tributarias em membros inferiores (MMII). Tendo como antecedente oftalmológico apenas uso de correção ótica há 35 anos. Ao exame físico acuidade visual (AV): 20/100//20/40; Fundoscopia (FO) de ambos os olhos (AO): com atrofia macular moderada, presença de drusas duras e moles, grandes e confluentes, vítreo limpo, atrofia do epitélio pigmentar da retina (EPR) difuso, retina aplicada. Realizada tomografia de coerência óptica AO: Evidenciado diminuição da espessura foveal central e atrofia retiniana.
Paciente diagnosticada com Doença macular relacionada a idade (DMRI) seca em AO, prescrito multivitaminicos, e consultas semestrais, mas perde seguimento durante a pandemia de COVID-19.
Retorna em 2022, com diagnóstico externo de descolamento de retina (DR) em olho direito (OD), refere fotopsia, turvação visual e escotomas, poupando campo visual temporal. Negou traumas. Ao exame AV: OD movimento de mãos ante face em região temporal. FO OD: Não foca polo posterior, setor nasal, inferior e temporal, em extrema periferia temporal superior, retina aplicada, vítreo turvo.
Aventada hipótese de hemorragia vítrea (HV) secundária a DR OD. Solicitada ultrassonografia (USG) ocular no qual observou-se achados sugestivos de descolamento de hialoide posterior, processo hemorrágico vítreo, lesão elevada sugerindo macroaneurisma como diagnostico principal. Duas possibilidades terapêuticas foram apresentadas, vitrectomia posterior ou conduta expectante. Optado por conduta conservadora e seguimento com retornos mensais. Em consultas seguintes, detectada melhora da AV gradativa, chegando a conta dedos a 30 centimetros em OD, FO OD: presença de fibrose subretiniana em polo posterior, temporal a fóvea e inferior, possivelmente também em região de feixe papilomacular e vítreo turvo. Apesar da melhora da AV, e reabsorção da hemorragia, prognostico visual restrito.
Discussão
A DMRI é de causa desconhecida, gera lesão progressiva e irreversível da macula, com perda lenta e indolor de campo visual central. Existem dois tipos, a seca e a úmida. Na forma seca o tecido macular se torna afilado, o EPR se degenera e acumulam-se resíduos provenientes dos cones e bastonetes, as drusas. Já na forma úmida há desenvolvimento de complexos neovasculares de coroide nos espaços epiteliais subretinianos, levando a hemorragias, edema e comprometendo a integridade da retina, mácula e fóvea.
O objetivo deste relato foi avaliar como pacientes com DMRI podem apresentar comprometimento visual caso o acompanhamento clinico não seja adequado, este pode minimizar uma série de eventos tratáveis, prevenir desfechos desfavoráveis. Foi realizado revisão de prontuário do paciente A.M.Z.
Comentários finais
A perda de segmento da paciente acarretou em agudização que não pode ser prevista. Com exames oftalmológicos medidas como bloqueio por laser e injeções intravítreas, poderiam ter sido indicadas, diminuindo os efeitos negativos do quadro. O uso continuo dos multivitamínicos pode ter retardado mas não impediu o desfecho. No momento importante manter vigilância ativa de novos eventos, prognóstico é reservado por ausência de medias terapêuticas que revertam o quadro.

Área

Retina

Autores

GABREILLA PACHU DE OLIVEIRA ZAMPIERI, NICOLE NOGUEIRA RODRIGUES, VINICIUS HATTORI RODRIGUES MIRA, ALINE APIS, EDSON MITSURO KATO JUNIOR, MARIANA AYUSSO SOUBHIA, ROBERTA TOVO BORGHETTO ABUD, KELLEN CRISTIANE DO VALE LUCIO