Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO QUANTITATIVA DAS DIMENSOES DA MUSCULATURA OCULAR EXTRINSECA E DO POSICIONAMENTO PALPEBRAL EM CAVIDADES ANOFTALMICAS

Resumo

Introdução: A mobilidade da prótese ocular externa e a posição palpebral em cavidades anoftálmicas quando comparadas com o lado não afetado dificilmente são iguais, mesmo após as medidas para reabilitação. Os fatores que levam a estas alterações ainda precisam ser melhor estudados. Uma hipótese poderia ser baseada em alterações dos músculos oculares extrínsecos. Objetivo: Avaliar os reflexos da falta do olho ou de seu conteúdo sobre o posicionamento palpebral, assim como possíveis alterações existentes nos músculos oculares extrínsecos, com o intuito de verificar se estas mudanças poderiam ser responsáveis pela redução da movimentação do conjunto implante/prótese externa em portadores de cavidades anoftálmicas. Método: Foi realizado um estudo retrospectivo, observacional, comparativo, do qual participaram 31 pacientes com cavidade anoftálmica unilateral, sendo o olho normal contralateral considerado como o grupo controle. A avaliação do posicionamento palpebral foi feita por medidas clínicas, e o exame de tomografia computadorizada (TC) foi utilizado para medir as dimensões dos músculos retos e avaliar o volume da gordura orbitária. Resultados: Foram estudados 31 pacientes (média de idade 44,94±20,49 anos; 64,5% homens) submetidos à evisceração (28; 93,3%) ou à enucleação (2; 6,6%). O olho direito foi operado em 15 (50%) deles. Dezoito pacientes receberam implante orbitário cônico e doze (40%), implantes esféricos. Dezesseis (55,2%) receberam implante de 16 mm e treze (44,8%), implantes de 20 mm. As avaliações clínicas mostraram que a fissura palpebral horizontal (FP) (p=0,0112) e a distância da margem palpebral superior até a sobrancelha com o paciente olhando para baixo (p=0,0413) foram maiores nas cavidades anoftálmicas em comparação com os olhos normais contralaterais, enquanto o sulco palpebral superior foi menor nas cavidades anoftálmicas (p=0,0004). Não houve diferença estatística em relação às demais medidas palpebrais. As medidas dos músculos extrínsecos das cavidades anoftálmicas não diferiram estatisticamente dos músculos dos olhos normais, embora a área do músculo reto medial (p=0,9152) e o volume de gordura orbital total (p=0,7537) tenham sido mais curtos nas cavidades anoftálmicas do que nos olhos normais, assim como o diâmetro do músculo reto superior (p=0,5238) e o diâmetro do músculo reto medial (p=0,8823) foram maiores nas cavidades anoftálmicas. Conclusão: A comparação das cavidades anoftálmicas com olhos contralaterais mostrou discretas alterações do posicionamento palpebral e dos músculos extrínsecos, principalmente detectadas no reto superior e medial. Novos estudos precisam ser providenciados para explicar melhor as alterações que provocam assimetrias e distúrbios da motilidade existentes nas cavidades anoftálmicas.

Área

Plástica Ocular

Autores

JULIA COSTA GARCIA, SILVANA ARTIOLI SCHELLINI, CAMILA DE PAULA SILVA, JOSÉ EDUARDO CORRENTE, VIVIANE PATRÍCIA OLIVEIRA BARROS, ROBERTA LILIAN FERNANDES DE SOUSA MENEGHIM, LUIZ ANTÔNIO JORGE JÚNIOR