Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO DE ALERGIA OCULAR COM PAPILAS GIGANTES TRATADA COM INJEÇAO DE TRIANCINOLONA E CRIOTERAPIA

Resumo

INTRODUÇÃO: A alergia ocular, termo que engloba um espectro de reações inflamatórias e imunológicas da superfície ocular, se apresenta de diversas formas com variados graus de gravidade. A conjuntivite alérgica, ceratoconjuntivite vernal, ceratoconjuntivite atópica, conjuntivite papilar gigante e variações não consensuais são diagnósticos diferenciais.
Mas mais do que classificar um paciente ao deparar-se com um quadro alérgico, o fundamental é entender sua fisiopatologia e perceber seus sinais de gravidade. Saber quando lançar mão de tratamentos ditos de segunda, ou terceira linha, e ainda, medidas invasivas, é o objeto de discussão do nosso caso.

RELATO: J.J.P., mulher, 18 anos, queixava-se de exacerbação de quadro alérgico ocular há 15 dias, com recente redução de acuidade visual, pior em OE. Descrevia sintomas crônicos de prurido, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, além de vermelhidão e secreção abundante ao acordar, já há dois anos, oscilando em intensidade, mas sem nunca cessar por completo, sendo esse o episódio mais exuberante. Havia passado por diversos profissionais com uso recente de ciclosporina tópica, sem muita melhora. A paciente referiu AP de rinite alérgica e asma mal controlada.
Ao exame, AVSC : 0,5/0,3, com edema e eritema bipalpebral, papilas gigantes em conjuntiva tarsal superior, com secreção mucoide, hiperemia conjuntival, limbo gelatinoso com nódulos de Horner-Tantras, em AO, piores em OE. Observada ceratite puntata em OD, enquanto em OE havia desepitelização corneana em setor superior medindo cerca de 3mm no maior eixo e bordas elevadas.
Feita HD de ceratoconjuntivite atópica, complicada com úlcera em escudo em OE e indicadas medidas de controle ambiental, prescrito colírios lubrificantes e compressas geladas para alívio, olopatadina 0,2% 1x/dia, prednisolona 1% de 2/2h, além de ser realizado debridamento de bordas da úlcera em olho esquerdo.
Dois dias depois, a paciente apresentava pouca melhora, e considerando a gravidade do quadro, foi indicada e realizada, injeção supratarsal superior de 20mg de triancinolona em OE. Três semanas mais tarde, dada melhora parcial, fora indicada nova aplicação supratarsal de triancinolona em OE. Além disso, também foi realizada sessão de crioterapia nas papilas gigantes de AO.
Em sua última avaliação, uma semana após o procedimento combinado, a paciente apresentava resolução total dos sintomas, AV de 1,0 em AO, resolução total da úlcera em OE e redução das papilas. Ainda estava em uso de corticoide tópico, do qual fez uso ininterrupto desde sua chegada, mas já em regressão a partir da injeção supratarsal descrita. A paciente não apresentou valores elevados de PIO.

RESULTADOS:
Mostramos uma paciente com alergia ocular de longa data, tendo transitado por diversos estágios de sua patologia e diferentes etapas do tratamento.Imediatamente foram reestabelecidos os pilares terapêuticos, com higiene ambiental e controle de sintomas.
Dada a gravidade do quadro, também foi optada pela prescrição de anti-histamínico de múltipla ação e corticoide, e logo seguindo para uma abordagem invasiva, com a associação da injeção de triancinolona supratarsal, debridamento da úlcera em escudo e crioterapia nas papilas gigantes. O resultado dessa abordagem foi positivo.

CONCLUSÃO: Aprofundar o entendimento da fisiopatologia dessas entidades, a maneira como as mais diferentes terapias podem agir, seus efeitos, permitirá incremento valioso no arsenal terapêutico, beneficiando paciente e assistentes.

Área

Superfície Ocular

Autores

ANDRE LUIZ SITA E SOUZA BRAGANTE, ALICE CARVALHO GOUVEIA DE ALMEIDA, JULIA COSTA GARCIA, MARIANA COZIMO NUNES, VINICIUS HATTORI RODRIGUES MIRA, EDSON MITSURO KATO JUNIOR, NICOLE NOGUEIRA RODRIGUES, ALINE APIS, VICTOR RIBEIRO DE SANTANA, THAILOR DARTORA, LUIZ VIEIRA E SÁ II